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quinta-feira, 19 de abril de 2012

A lenda de Paderne


Reza a lenda que, quando D. Paio Peres Correia da Ordem de Santiago atacou e tomou o castelo de Paderne, muitos dos mouros fugiram para os subterrâneos da fortaleza, cujos túneis desembocavam no sopé do monte junto à ribeira.
Com eles levaram, não os bens materiais (que esses estavam perdidos), mas uma riqueza maior: os seus entes queridos, na tentativa de os salvar.

Entre os atacantes, um ferreiro corpolento e cruel, incitou os guerreiros cristãos a persegui-los no interior do monte.
Ninguém sabe bem o que ali dentro aconteceu mas diz-se que dos perseguidores e dos perseguidos, ninguém mais teve notícia.

Um dia o ferreiro ouvindo falar que nos túneis havia uma galeria com um tesouro mouro escondido, pegou num ferrete de marcar gado, envolveu-o num pano, mergulhou-o em óleo fazendo assim uma tocha e aventurou-se túnel adentro.

Quando chegou à galeria encontrou-a vazia de tesouros.

Desanimado preparava-se para voltar quando se apercebeu duma sombra que se deslocava lentamente junto ao chão. Colocando a tocha à sua frente vislumbrou uma serpente que procurava o escuro para se refugiar.
Seguindo os seus instintos de malvadez o ferreiro tentou matá-la com o ferrete em braza espetando-o no peito da serpente como quem marca um animal com o fogo.
Sentiu um arrepio quando a serpente ao ser queimada lançou um guincho quase humano e ficou imóvel.
Julgando-a morta o ferreiro desviou a atenção procurando a saída e quando se voltou de novo a serpente tinha desaparecido.

O tempo passou e um dia, o ferreiro procurando a frescura da ribeira, viu tirando água do poço uma bela mulher que, estranhamente, lhe lembrou as mouras encantadas que diziam aparecerem por ali.
Sentindo a força do calor, o ferreiro pediu-lhe um pouco de água.
Sorveu-a sofregamente como se a sua vida dependesse disso.

Mas a sua vida já estava entregue ao destino irremediável do veneno.

Começou a sentir uma leve náusea.
Depois uma pequena dor no estômago.
De repente sentiu-se a arder violentamente por dentro como se estivesse a ser marcado por um ferro em brasa.

Os seus olhos arregalaram-se quando a bela moura encantada se debruçou sobre ele e deixando entrever pela abertura da túnica a marca do ferrete da Ordem gravado na carne, lhe sussurrou ao ouvido:

"Por Santiago matas, por Santiago morres"...

Lenda da autoria de um velho amigo; Scaliburis

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Guia-me na escuridão



Dá-me Tua mão!
Guia-me nesta escuridão.
O mundo de Hádes é frio…
Há muitas pedras, machucam-me os pés.
Preciso da Tua ajuda!
Para que meu céu se ilumine.
Para que se acenda mesmo que seja apenas uma estrela.
Dá-me Tua mão!
Tira-me desta escuridão.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Prece do mestre sufi Dhu'l Nun al Misri



“Ó Deus, quase nunca presto atenção as vozes dos animais, ao ruído das árvores, ao murmúrio das águas, ao gorjeio dos pássaros, ao zunido do vento ou ao estrondo do trovão. Mas, quando meu ouvido está atento, percebo neles um testemunho à Tua unidade; sinto que Tu és o Supremo poder, a omnisciência, a suprema sabedoria, a suprema justiça.

Ó Deus, reconheço-Te na Tua obra e nos Teus atos. Consente, ó Deus, que Tua satisfação seja a minha satisfação. Que eu seja a Tua alegria, aquela alegria que um Pai sente por um filho.  E que eu me lembre de Ti com tranquilidade e determinação”

Dhu'l Nun al Misri

terça-feira, 10 de abril de 2012

Mergulho na História



Durante a presença árabe no sul do que é hoje o território português e principalmente no Algarve, fazia-se a recuperação de cargas de barcos afundados utilizando várias técnicas de mergulho.

Uma dessas técnicas, bastante antiga, era igual à retratada nesta tela em que o próprio Alexandre Magno (356-323 a.C.) é baixado para as águas dentro de um sino de cristal para ir inspeccionar outros mergulhadores que trabalhavam na construção do porto de Alexandria.

Outra ainda, muito mais antiga, constava da utilização de odres de ar presos à barriga dos mergulhadores, como se pode ver na imagem abaixo, gravada em baixo-relevo numa pedra proveniente do Palácio Noroeste de Ashurnasirpal II, em Nimrud, norte do Iraque e datada de 883-859 a.C.

Técnicas que nós, ocidentais, consideraríamos avançadíssimas para a época...


segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Lenda Do Cavalo Arabe



Conta a lenda que o beduíno, que vivia no
deserto, pediu a Alah um companheiro para dividir os
dias longos e as noites frias do deserto.

Alah compreendeu o anseio desse homem solitário e
resolveu dar vida a um ser, símbolo da criação.

Ordenou que se imprimissem numa única criatura, olhos
tão potentes quanto os da águia, faro tão sensível
quanto o do lobo, a velocidade da pantera e a
resistência do camelo.

Acrescentou ainda a coragem do leão, a memória
privilegiada do falcão, a elegância do andar da corsa
e a fidelidade do cão.

Alah chamou o Vento Sul e ordenou que ele soprasse
sobre um punhado de areia que estava em suas mãos.

Surgiu, então, o Cavalo Árabe para que Alah fosse
sempre louvado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Lenda das Amendoeiras em flôr


Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha conhecido uma derrota. Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha, viu Gilda, uma princesa linda e de porte altivo. Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem razão aparente. Um velho cativo das terras do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade. Na Primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indiscritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espectáculo das amendoeiras em flor.

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