Arqueologia - Costumes - Sufismo - Poesia - Lendas - Língua etc.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O cavalo branco – uma história sufi



Numa aldeia distante vivia um velho muito pobre.
Ele possuía um cavalo branco que era belíssimo e de muito valor.
Todos tinham muita inveja dele.
Os reis e os nobres tinham ambição pelo cavalo e desejavam-no.
Faziam propostas ao velho que incluíam valores bem altos.
O velho argumentava que o cavalo era como uma pessoa para ele e não um simples cavalo.
Assim, ele não poderia vender o animal.
Como poderia vender um amigo?!
Embora fosse pobre e muito necessitado, rejeitava sempre aquelas propostas.

Certo dia o cavalo desapareceu.
Os vizinhos vieram e comentaram:

“Velho tolo!
Você não vendeu o cavalo embora precisasse muito do dinheiro.
Agora o cavalo foi roubado. 
Isso foi uma coisa muito ruim.
Um verdadeiro azar e uma maldição”.

O velho disse:

“Calma!
O cavalo apenas não está aqui.
Essa é a única realidade.
Qualquer observação a mais é puro julgamento.
Isso é apenas um fragmento duma história.
Não sabemos o que vem depois.
Se é ruim ou bom, se é azar ou sorte, não podemos dizer nada a respeito disso.
Não julguem.”

Os vizinhos responderam indignados:

“Nós não somos parvos!
Não venha com filosofias desnecessárias.
O simples facto de que você perdeu o seu valioso cavalo é indicação de coisa ruim, de azar”.

As pessoas riram do velho considerando que ele tinha ficado louco.

Duas semanas depois o cavalo reapareceu.
Ele não tinha sido roubado.
Apenas tinha fugido para os campos.
No seu retorno vieram com ele uma dúzia de cavalos selvagens, todos muito bonitos e valiosos.

Os vizinhos, vendo aquilo, disseram ao velho:

“Desculpe-nos, você estava certo, foi uma benção e não um azar”.

Mais uma vez o velho comentou:

“Calma!
O cavalo apenas voltou e doze outros cavalos vieram com ele.
Não julguem se é bom ou mau, se é sorte ou azar.
A menos que vocês tenham conhecimento de toda a história, não podem julgar.
O que aconteceu é apenas um fragmento.”

Embora achando que o velho estivesse errado, desta vez os vizinhos ficaram quietos.

O velho tinha um filho único que era bem jovem.
Ele começou a adestrar os cavalos selvagens, mas logo aconteceu um acidente.
Ele caiu de um dos cavalos e quebrou as duas pernas.
Os vizinhos reuniram-se e foram até o velho dizendo:

“Você estava certo novamente.
Não era sorte e sim maldição.
Agora o seu filho, que o ajuda muito, está temporariamente inválido e pode até ficar aleijado”.

Mais uma vez o velho disse:

“Vocês não conseguem evitar o julgamento.
Meu filho apenas quebrou as pernas.
Ninguém pode dizer se isso é bom ou ruim.
É apenas um fragmento da história.
Só se pode julgar quando a história chega ao fim”.

Pouco tempo depois, aquele país foi atacado pelo país vizinho.
Todos os jovens daquela aldeia foram levados à força e forçados a lutar na guerra.
Como o país agressor era muito superior, a guerra estava perdida e os jovem não regressariam com vida. Todos na aldeia gritavam e choravam em desespero.
Foram até o velho e disseram:

“Você estava certo!
Seu filho pode até ficar aleijado mas está aqui.
Não foi levado.
Nossos filhos foram para sempre.
Com certeza não voltarão”.

O velho, pacientemente disse:

“É difícil lidar com vocês.
Sempre julgando.
Ninguém pode saber o que é bom ou mau, se é uma bênção ou um azar.
Digam apenas que seus filhos foram obrigados a ir para a guerra e o meu não.
Ninguém é capaz de prever nada.
Ninguém sabe.
Só Allah sabe”.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O código da Futuwwa



Na civilização islâmica, a futuwwa (cavalaria espiritual), poderá estar na origem de ordens militares, de cavalaria e fraternidades da Europa medieval.
Combinando serviço militar com a disciplina espiritual, estas ordens desempenharam um papel importante na história islâmica, chamando os seus membros mais plenamente à vida espiritual e ética do Islão.
As ordens e fraternidades ("Tariqas") ainda sobrevivem em algumas áreas do mundo islâmico.
São conhecidas como futuwwat ou por outros nomes, como o Akhi movimento ("fraternidade") na Anatólia.
Todas elas têm sido associados com Ali ibn Abi Talib, que recebeu a qualidade e poder de cavalaria espiritual do Profeta.
Em termos ocidentais, pode-se dizer que Ali é o "padroeiro" das ordens de cavalaria e fraternidades do Islão.

Abu al-Qasim Ahmad ibn al-Husayn ibn Qasi - um místico sufi, natural de Silves, governador de Mértola e Silves fundou uma dessas fraternidades, " Os Muridin " (adeptos)...

 *********************************************************
O código da Futuwwa

(Código de Honra da Juventude e da Cavalaria) 
Futuwwa - Significa juventude e cavalheirismo
Derivado da " fata " (jovem), futuwwa tornou-se um símbolo de rebeldia contra todo o mal e da luta para se tornar num servo sincero de Deus:
Futuwwa, é um composto de virtudes como a generosidade, modéstia, castidade, fidelidade, lealdade, misericórdia, conhecimento, humildade e piedade, e é uma das etapas de um viajante no caminho para Deus, até atingir uma dimensão de santidade.

Soma das quatro grandes virtudes:
•    Perdoar quando se é capaz de punir.
•    Preservar suavidade e agindo suavemente quando se está furioso. 
•    Desejar o bem até mesmo aos inimigos e fazer-lhes o  bem. 
•    Ter sempre em atenção em primeiro lugar o bem-estar e a felicidade dos outros, mesmo quando se é carente.

Tradução livre.
(Livro de Cavalaria Sufi, Muhamad ibn al-Husayn al-Sulami)

Web Statistics